Linda Prosa poética, construída pelo Poeta Takinho, amigo do Recanto das Letras.
Lirismo e poesia envolvem esta prosa. Repostando no meu blog, com licença do autor.
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Páginas em branco.
Lá fora
a chuva lava a face da atmosfera e faz canção em goteiras sobre o peito da
terra. Na sala em silêncio folheio o livro da solidão e me detenho nas páginas
brancas, tentando inventar poesias. As entrelinhas existem, mas as linhas são
meras ilusões preenchidas de vazio. Então me encontro nas histórias jamais
lidas, porque na verdade nunca foram escritas. Recordo-me de coisas que não
vivi e tal qual a chuva na janela, despedaço-me em pingos de tristeza.
O vento
enrosca assovios no telhado e foge no meio da chuva empurrando gotas em
confusão. Meus jardins em solos áridos dentro da mente, logo se desfolham em
lágrimas, deixando pétalas espalhadas pelas emoções sentidas.
Há um
rio que despenca em queda livre e logo abaixo corre entre pedras, fragmentado de
saudades. Vai rolando pelos cantos, como se pranto e sem encanto, mas rola
tanto que vira espanto e some lá na curva adiante. Espreito-me distante pelas
sinuosidades de mim mesmo. É que da janela embaçada sou eu a chuva límpida lá
fora, mas aqui dentro, sou essa turva desesperança.
A tarde
segue rumando para os confins do crepúsculo. Hoje o sol se espreguiça sobre as
nuvens vestidas de chuva e vai dormir sem quenturas. Eu ainda folheio páginas
em branco.
Takinho
Enviado
por Takinho em 07/02/2021
Reeditado
em 09/03/2021
Código
do texto: T7178851
Classificação
de conteúdo: seguro
(luizameninmanfredi)