Trancar o dedo numa porta dói.
Bater
com o queixo no chão dói.
Torcer
o tornozelo dói.
Um
tapa, um soco, um pontapé, doem.
Dói
bater a cabeça na
quina
da mesa,
Dói
morder a língua,
Dói
cólica,
cárie
e pedra no rim.
Mas
o que mais dói é a saudade!
Saudade
de um irmão que mora longe.
Saudade
de uma cachoeira da infância.
Saudade
de um filho que estuda fora.
Saudade
do gosto de uma fruta
que
não se encontra mais.
Saudade
do pai que morreu,
do
amigo imaginário que nunca existiu.
Saudade
de uma cidade.
Saudade
da gente mesmo,
que
o tempo não perdoa.
Doem
essas saudades todas.
Mas
a saudade mais dolorida
é
a saudade de quem se ama.
Saudade
da pele,
do
cheiro, dos abraços.
Saudade
da presença,
e
até da ausência consentida.
Você
podia ficar na sala
e
ela no quarto,
sem
se verem, mas sabiam-se lá.
Você
podia ir para o dentista
e
ela para a faculdade,
mas
sabiam-se onde.
Você
podia ficar o dia sem vê-la,
ela
o dia sem vê-lo,
mas
sabiam-se amanhã.
Contudo,
quando o amor de um acaba,
ou
torna-se menor, Ou quando alguém
ou
algo não deixa que esse amor siga,
Ao
outro sobra uma saudade
que
ninguém sabe como deter.
Saudade
é basicamente não saber!
Não
saber mais se ela continua
fungando
num ambiente mais frio.
Não
saber se ele continua sem fazer a barba
por
causa daquela alergia.
Não
saber se ela ainda usa aquela saia.
Não
saber se ele foi na consulta
com
o dermatologista como prometeu.
Não
saber se ela tem comido bem
por
causa daquela mania de estar sempre ocupada;
se
ele tem assistido às aulas de inglês,
se
aprendeu a entrar na Internet
e
encontrar a página do Diário Oficial;
se
ela aprendeu a estacionar
entre
dois carros;
se
ele continua preferindo Malzebier;
se
ela continua preferindo suco;
se
ele continua sorrindo
com
aqueles olhinhos apertados;
se
ela continua dançando daquele
jeitinho
enlouquecedor;
se
ele continua cantando tão bem;
se
ela continua detestando o MC Donald's;
se
ele continua amando;
se
ela continua a chorar até nas comédias.
Saudade
é não saber mesmo!
Não
saber o que fazer com os dias
que
ficaram mais compridos;
não
saber como encontrar tarefas
que
lhe cessem o pensamento;
não
saber como frear as lágrimas
diante
de uma música;
não
saber como vencer a dor de um silêncio
que
nada preenche.
Saudade
é não saber se ele está feliz,
e
ao mesmo tempo perguntar
a
todos os amigos por isso ...
É
não querer saber se ele está mais magro,
se
ela está mais bela.
Saudade
é nunca mais saber
de
quem se ama,
e
ainda assim doer!
Saudade
é isso que senti
enquanto
estive escrevendo
e
o que você, provavelmente,
está
sentindo agora depois
que
acabou de ler...
Desconheço
Autor ...
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